Academia de Letras do Triângulo Mineiro

Fundadores - Victor de Carvalho Ramos


Vitor de Carvalho Ramos - Cadeira 3

Patrono: Antonio Borges Sampaio

Posição: Fundador
Sucedido por: Martha de Freitas Azevedo Pannunzio


Biografia

Natural da cidade de Goiás, onde nasceu no dia 16 de fevereiro de 1893, era filho de uma das mais antigas e respeitáveis famílias do Estado Mediterrâneo. Foram seus pais, o Sr. Dr. Manuel Lopes de Carvalho Ramos, advogado e sua exma. esposa, Sra. D. Mariana de Loiola Carvalho Ramos.
Muito moço ainda, o Dr. Vítor de Carvalho Ramos, atendendo a um convite de nosso diretor Quintiliano Jardim para redatoriar este jornal, transferiu sua residência para Uberaba, onde se uniu pelos laços matrimoniais à distinta jovem de nossa sociedade e filha de uma das mais tradicionais famílias desta terra.
Começava assim, nesta cidade, uma das carreiras mais brilhantes em múltiplos setores de atividade.
Advogado e jornalista, Vítor de Carvalho Ramos militou durante dezenas de anos no fórum e na imprensa, revelando sempre, através de ação profícua, sua vasta cultura e inteligência de escol.
Participou, como redator deste jornal, de campanhas memoráveis que tinham a chancela dos legítimos interesses coletivos, fazendo-o sempre com entusiasmo e destemor. Nas lides forenses a sua participação era constante e assinalada por esclarecida consciência jurídica que o situava entre os mais categorizados advogados de nossa comarca. A par de suas qualidades profissionais havia ainda, no falecido, verdadeiros dotes oratórios que o faziam um tribuno ardoroso e persuasivo, capaz de transmitir ao povo uma mensagem cheia de comunicação e rica compreensão humana.
A literatura também o solicitava, como a tantos outros coestaduanos ilustres de sua geração.
São de sua autoria Mãe-Chi, crônicas e reminiscências que tiveram curso largo na admiração dos leitores, e Esboço Histórico de Goiás. Preparou, ainda, uma biografia, ainda por concluir, de seu irmão Hugo de Carvalho Ramos.
Foi também poeta e sua produção está esparsa por jornais e revistas editados em vários pontos do território nacional.
Conhecia profundamente a língua portuguesa, escrevendo com a segurança de um filólogo, e falava e escrevia corretamente, também, nos idiomas francês e inglês. A sua cultura literária era vasta, solidamente construída e mantida em contato permanente com os escritores e poetas de sua preferência através de constantes leituras. No fim de sua existência, que foi longa e ativa, relia ainda com renovada admiração Castro Alves, "o maior dos poetas brasileiros e um dos maiores do mundo", para usarmos as suas próprias palavras, e Byron, que lia no original e com sincero encantamento.
Era intransigente nos seus pontos de vista literários. Não admitia qualquer crítica que considerasse depreciativa aos prosadores e poetas de sua preferência, sustentando, quando isso acontecia, discussões calorosas e de sólida base cultural.
A sua presença, na vida política, foi assinalada pela verticalidade de suas atitudes e pelo idealismo que sempre inspirou a sua maneira de agir. Presidiu ao Diretório do Partido Republicano Municipal de Uberaba, emprestando prestígio a essa antiga agremiação política.
Foi também presidente da Ordem dos Advogados do Brasil -- 14.ª Subseção de Uberaba, desenvolvendo um trabalho constante, no exercício de suas funções, para alargar a participação dessa sociedade na vida comunitária.
Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, à Academia de Letras do Estado de Goiás e à Academia de Letras do Triângulo Mineiro, da qual foi um dos sócios fundadores.
Prestou, como diretor, ótimos serviços à revista uberabense Graça & Beleza, enriquecendo suas páginas com uma colaboração das mais valiosas.
O intelectual foi, também, um homem prático, que durante anos dirigiu fazenda de sua propriedade, neste município, e apoiou a classe dos produtores rurais nas suas justas reivindicações.
Foi essa a personalidade que desapareceu de nosso convívio, anteontem, deixando nos quadros humanos e sociais de Uberaba uma imensa lacuna.
Uma das figuras centrais de nossa intelectualidade, Vítor de Carvalho Ramos soube ser, também, uma pessoa cheia de calor humano. E até o fim de sua vida, já enfermo e octogenário, conservou a capacidade de entusiasmar-se com o que considerava digno, e de indignar-se com o que julgava inferior no plano da cultura ou da conceituação moral.
É por isso que conservou, até o fim de sua passagem pelo mundo, uma esplêndida juventude de espírito e coração e, com ela, a admiração e respeito de todos os que dele se aproximavam.
Foi um intelectual brilhante, um cidadão digno, um exemplar chefe de família e um leal amigo. É uma figura de escol a que se apagou, anteontem, da paisagem humana e social de Uberaba, do Triângulo e Goiás.

Bibliografia

In: Lavoura e Comércio, Uberaba, 16 de julho de 1976. Revista Convergência n.º 7, pág. 135

Obs.: Faleceu em Uberaba em 14/07/1976.

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